Cronos e Chronos: Deus e TITÃ Grego do Tempo

15/05/2020
     Cronos é descrito de duas formas dentro da Mitologia Grega, mas em ambas as formas ele era a representação do tempo. Em uma versão, Chronos, era o todo, em outra versão, Cronos, era filho de Urano.

Cronos na Mitologia Grega:

     Cronos, na Mitologia Grega, deus do tempo e rei dos titãs. Em primeira análise, é o mais jovem dos titãs, filho de Urano, o céu estrelado, e Gaia, a terra. Alternativamente, para Platão, os deuses Fórcis, Cronos e Reia eram os filhos mais velhos de Oceano e Tétis. Cronos era o deus do tempo, sobretudo quando visto em seu aspecto destrutivo, o tempo inexpugnável que rege os destinos e a tudo pode devorar.O titã Cronos serviu de inspiração para a antiga seita órfica criar a figura de Chronos, a quem chamavam de o "deus primordial do tempo".

    Vale ressaltar que o modo de vida dos órficos causava grande estranheza entre os gregos e a nova teogonia criada por eles era, da mesma forma, repudiada pelo culto cívico e popular das póleis gregas. O que quer dizer que, para os gregos comuns, o titã Cronos (e somente ele) era o deus do tempo por excelência.Cronos era, usualmente, representado com uma harpe, gadanha ou foice, com a qual teria castrado e deposto Urano, seu pai. Em Atenas, no 12º dia do mês ático de Hecatombaion, era celebrado o festival de Kronia, em honra a Cronos. 
Seus irmãos e irmãs eram: Titãs: Oceano, Céos, Crio, Jápeto, Hiperião, Titânides: Tétis, Teia, Febe, Reia, Mnemosine, Têmis.

Mito:

     Segundo o antigo mito registrado por Hesíodo em sua Teogonia, Cronos (também retratado como Saturno na mitologia romana) invejava o poder de seu pai, Urano, o governante do universo. Urano conquistou a inimizade de Gaia, mãe de Cronos, ao esconder os gigantes filhos de Gaia, Hecatônquiros e Ciclope, no Tártaro. Então, Gaia construiu uma harpe e convenceu Cronos e seus irmãos a usá-la para castrar Urano. 

     A pedido de sua mãe, se tornou senhor do céu, castrando o pai com um golpe de foice e jogando seus testículos no oceano. Do sangue que brotou de Urano e atingiu a terra, teriam surgido os gigantes, as erínias e as melíades. Os testículos teriam produzido uma espuma branca da qual emergiu Afrodite. 

     Urano jurou vingança e teria chamado seus filhos de Titenes (Τιτῆνες; que significa, de acordo com Hesíodo, "os esforçados", por ultrapassar seus limites e se atrever a cometer tal ato). Depois de se livrar de Urano, Cronos tornou a prender os Hecatônquiros e os Ciclopes e enviou o dragão Campe para guardá-los. 

     A partir de então, o mundo foi governado pela linhagem dos titãs, que, segundo Hesíodo, constituía a segunda geração divina. Foi durante o reinado de Cronos que a humanidade (recém-nascida) viveu a sua Idade de Ouro.Cronos e Reia. Reprodução de baixo-relevo romano Cronos casou com a sua irmã Reia, que lhe deu seis filhos (os crónidas): três mulheres, Héstia, Deméter e Hera e três homens, Hades, Poseidon (Posídon) e Zeus.

     Como tinha medo de ser destronado por causa de uma maldição de um oráculo, Cronos engolia os filhos ao nascerem. Comeu todos, exceto Zeus, que Reia conseguiu salvar enganando Cronos ao enrolar uma pedra (a pedra de onfalo) em um pano, a qual ele engoliu sem perceber a troca.

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Continuando sua História:

     Reia escondeu Zeus numa caverna no monte Ida, em Creta. Segundo algumas versões, Zeus teria sido amamentado pela cabra Amalteia, enquanto um grupo de coribantes fazia barulho para impedir que Cronos ouvisse quando o bebê chorava. Outras versões do mito dizem que Zeus foi criado pela ninfa Adamanteia, que mantinha Zeus amarrado numa corda suspenso entre a terra, o mar e o céu, os quais eram domínio de Cronos. Outras versões ainda dizem que Zeus foi criado por sua avó, Gaia. 

     Quando Zeus cresceu, resolveu vingar-se de seu pai, solicitando, para esse feito, o apoio de Métis - a Prudência - filha do titã Oceano. Esta ofereceu a Cronos uma poção mágica que o fez vomitar os filhos que tinha devorado. Seguiu-se, então, a titanomaquia, uma luta entre Zeus, seus irmãos e irmãs, hecatônquiros e ciclopes de um lado, e Cronos e os demais titãs de outro.Então Zeus tornou-se senhor do céu e divindade suprema da terceira geração de deuses da mitologia grega, ao banir os titãs para o Tártaro e afastar o pai do trono. 

     Segundo as palavras de Homero, Zeus prendeu-o com correntes no mundo subterrâneo, onde foi encontrado, após dez anos de luta encarniçada, pelos seus irmãos, os titãs, que tinham pensado poder reconquistar o poder de Zeus e dos deuses do Olimpo. Em algumas variantes do mito, Cronos e os titãs são alcançados pela misericórdia de Zeus, libertados do Tártaro e cada qual retoma a sua função cosmológica no universo. Com a permissão do filho, Hades, Cronos torna-se o governante dos Campos Elísios (que se localiza no mundo inferior), lugar de descanso para os mortos bem-aventurados. Segundo a Eneida de Virgílio, Cronos, após ser derrotado por Zeus, se refugia no Lácio, onde se torna rei e legislador.

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Filira e Filhos de Cronos:

     É dito na mitologia greco-romana que Cronos e a oceânide Filira foram os pais do sábio centauro Quíron, de Dolops e de Aphrus, o ancestral e epônimo dos Aphroi, ou seja, dos africanos. São todos os filhos de Cronos: Héstia, Quíron, Deméter, Hera, Hades, Poseidon e Zeus. 

CHRONOS:

     Chronos (tempo) também chamado de Aeon (eternidade), na Mitologia Grega, era a personificação do tempo eterno e imortal, e governava sobre o destino dos deuses imortais. Chronos foi uma divindade criada pela seita órfica (é o nome dado a um conjunto de crenças e práticas religiosas originárias do mundo grego helenista bem como pelos trácios, associada com a literatura atribuída ao poeta mítico Orfeu, que desceu ao Hades e voltou), sendo essencialmente uma cópia do titã Cronos, que, no culto popular dos antigos gregos, era o deus do tempo por excelência. 

     Durante a antiguidade, Chronos era ocasionalmente confundido com o titã Cronos. De acordo com Plutarco, os gregos antigos acreditavam que Cronos era um nome alegórico para Chronos. O que quer dizer que, na verdade, a figura de Chronos era, fundamentalmente, a mesma que a do titã Cronos, o deus do tempo da teogonia hesiódica e do culto comum dos gregos.
     Além do nome, a história de Cronos comer seus filhos também era interpretada como uma alegoria de um aspecto específico do tempo, a esfera de influência de Chronos. Chronos representava as características destrutivas de tempo, que consumia todas as coisas, um conceito que foi definitivamente ilustrado quando o rei titã consumiu os deuses do Olimpo - o passado consumindo o futuro, a geração mais velha suprimida pela geração seguinte.

     Durante o Renascimento, a identificação de Cronos e Chronos deu origem ao "Pai Tempo", uma representação antropomórfica do tempo empunhando a foice da colheita. O significado original e a etimologia da palavra Chronos ainda são incertos.

Conceito de Tempo:

     Os gregos antigos tinham três conceitos para o tempo: khrónos, kairós e aíôn. Khrónos refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, que pode ser medido, associado ao movimento linear das coisas terrenas, com um princípio e um fim. Kairós refere-se a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece, o tempo da oportunidade. Aíôn já era um tempo sagrado e eterno, sem uma medida precisa, um tempo da criatividade onde as horas não passam cronologicamente, também associado ao movimento circular dos astros, e que na teologia moderna corresponderia ao tempo de Deus.

Mitologia:

     De acordo com a teogonia órfica, Chronos surgiu no princípio dos tempos, formado por si mesmo, ou nascido da união de Hidros e Gaia. Era um ser incorpóreo e serpentino possuindo três cabeças, uma de homem, uma de touro e outra de leão. 

     Uniu-se à sua companheira Ananque (a inevitabilidade) numa espiral em volta do ovo primogênito separando-o, formando então o Universo ordenado com Gaia, Ponto (o mar profundo) e o Urano (o céu estrelado).Com Ananque foi pai de Érebo ou Skotos, Éter ou Akmon e Caos ou Aer, além de Fanes, nascidos do ovo primogênito. 

     Alguns autores o fazem pai de Hemera ou Amara e das Moiras com Nix, assim como das doze Horas. Permaneceu como um deus remoto e sem corpo, do tempo, que rodeava o Universo, conduzindo a rotação dos céus e o caminhar eterno do tempo, aparecendo ocasionalmente perante Zeus sob a forma de um homem idoso de longos cabelos e barbas brancas, embora permanecesse a maior parte do tempo em forma de uma força para além do alcance e do poder dos deuses mais jovens. Uma das representações de Chronos, é a de um deus que devora seus próprios filhos. 

     Esta representação deve-se ao fato de os antigos gregos tomarem Chronos como o criador do tempo, logo, de tudo o que existe e pode findar, sendo que, por este fato, se consideravam como filhos do tempo (Chronos), e uma vez que é impossível fugir ao tempo, todos seriam mais cedo ou mais tarde vencidos (devorados) por ele. A exemplo do Deus único e criador dos cristãos, judeus e muçulmanos, criador do universo e juiz final.

     Uma explicação possível para esta representação é a confusão com o titã Cronos, que comeu os seus filhos para que não se rebelassem contra ele e lhe tomassem o poder da Terra como ele fez com o seu pai, Urano.

Kairós, neto de Cronos:

     Na filosofia greco-romana, Kairós é a experiência do momento oportuno. Os pitagóricos consideravam Kairós como "oportunidade". Kairos é o tempo em potencial, tempo eterno e não linear, enquanto Chronos é a medida linear de um movimento ou período. Na retórica, Kairos era uma noção central, pois caracterizava "o momento fugaz em que uma oportunidade/abertura se apresenta e deve ser encarada com força e destreza para que o sucesso seja alcançado". 

     Na filosofia prática da medicina atribuída a Hipócrates, as doenças, durante um certo tempo, evoluem de forma silenciosa até alcançarem o momento crucial, chamado krisis (crise), momento em que a doença se define, rumo à cura ou não. O bom médico deve identificar o kairós (momento oportuno) de agir. Esse tempo (kairós) não dura muito tempo (khronos ) e, portanto, o médico não tem tempo a perder. 

     Para os filósofos atomistas da antiguidade (como Demócrito, Epicuro e Lucrécio), que rejeitam toda teleologia na natureza, a formação do mundo é fruto da combinação e dissociação de inumeráveis átomos pelos quais cada coisa desponta imanentemente no "momento oportuno" em que alguns dos infinitos átomos, que se chocam ao acaso pela infinitude do tempo, se combinam de maneira consistente, durando por um tempo até a decomposição, até a morte. Kairós Relevo de Lísipo, século IV cópia antiga em TrogirNa mitologia, Kairós era habitualmente considerado filho menor de Zeus e da deusa da prosperidade, Tyche. 
     Kairós era rápido, andava nu e tinha somente um cacho de cabelos na testa. Só era possível agarrá-lo segurando-o por esse topete. Se assim não fosse, seria impossível segui-lo ou trazê-lo de volta. Kairós era visto na inteligência de Atena, no amor de Eros e mesmo no vinho de Dioniso. Posteriormente, na genealogia dos deuses, parece estar associado a todos eles, como manifestação de um momento específico. 

     Kairós poderia ser (ou estar manifesto em) Chronos (Tempo), já na teologia cristã, na noção de Aeon (eternidade). Em nenhum momento Kairós refletiria o passado ou pressentiria o futuro; ele simboliza o melhor instante no presente: o instante em que se consegue afastar o caos e abraçar a felicidade.

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Conheça a Deusa da Noite: Nix e seu papel relevante dentro da Mitologia Grega. Nix também era conhecida por ser uma Titânide primordial e muito poderosa. Confira abaixo tudo sobre essa deusa.

Caos é um Deus Grego e foi considerado por Hesíodo como a primeira divindade a surgir no universo, portanto ele é o mais velho dos Deuses e Titãs. Também é conhecido como Deus primordial da Criação na Mitologia Grega.

Selene é, na Mitologia Grega, a Deusa da Lua. Mas diferentemente de Ártemis (que é da nova geração), Selene é a Deusa Antiga que representa o astro lunar. Essa divindade era muito querida entre os povos antigos.

Plutão ou Pluto, é o nome dado, na Mitologia Romana, ao Deus Grego Hades. Pluto é o Rei do Submundo e tem como animal de estimação, Cérbero, o Cão de três cabeças e guardião do submundo.

Júpiter é o nome dado - na Mitologia Romana a Zeus, o Deus Grego do Trovão e Rei dos Deuses. Zeus foi a divindade mais relevante das mitologias grega e romana, conheça mais sobre este ícone abaixo.

Thalia é, na Mitologia Grega, uma das dezenas de filhas do deus do trovão, Zeus. Essa "semideus" aparece na saga de filmes Percy Jackson e ficou bem conhecida a partir daí. Conheça mais sobre Thalia abaixo.

Fanes é uma divindade pouco conhecida na Mitologia Grega e é associado como o Deus da Vida. Muitas vezes é associado com Caos e também, como a divindade da criação. Foi filho de Chronos, confira abaixo.

Aurora foi, na Mitologia Romana, a Deusa do Amanhecer. Essa divindade (teoricamente) foi um plágio da Deusa Grega "Eos" e também, da Deusa Hindu, Hausus, confira a matéria abaixo.